sAPOS SENTADOS
O HOMEM LÚCIDO TEXTO CALDAICO(*) DO VI SÉCULO A.C.
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O homem lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que nunca se
entusiasma com ela, assim como não teme a morte.
O homem lúcido sabe
que viver e morrer são o mesmo em matéria de valor, posto que a Vida contém
tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um mal.
O homem lúcido sabe
que é o equilibrista na corda bamba da existência. Sabe que, por opção
ou acidente, é possível cair no abismo, a qualquer momento, interrompendo a
sessão do circo.
Pode também o homem lúcido optar
pela Vida. Aí então, ele esgotará todas as suas possibilidades. Passeará por
seu campo aberto e por suas vielas floridas.
Saberá ver a beleza em tudo. Terá amantes,
amigos, ideais. Urdirá planos e os realizará. Resistirá aos infortúnios e até
às doenças. E, se atingido por algum desses emissários, saberá suportá-los com
coragem e mansidão.
Morrerá o homem lúcido de causas
naturais e em idade avançada, cercado por filhos e netos que seguirão sua
magnífica aventura.
Pairará então, sobre sua memória uma
aura de bondade. Dir-se-á: aquele amou muito e fez bem às pessoas.
A justa lei máxima da natureza
obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem iguale-se
sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis.
O homem lúcido que optou pela Vida,
com o consentimento dos Deuses, tem o poder magno de alterar esta lei.
Na sua vida, os acontecimentos
favoráveis estarão sempre em maioria.
Esta é uma cortesia que a Natureza
faz com os homens lúcidos.